O ombro da Borboleta

O ombro da Borboleta

domingo, 21 de agosto de 2016

Golden tree

Aquela luz,
nunca completa,
escondida
e bela
incitando-nos ansiedades
de tê-la toda!
sedentos por sanar
a escuridão.
mas só assim
pode-se olhar para ela
luz infinda é cegueira,
ilusão

Enigma

é truque
- escrever -
ou é truque
morrer?

Fio

esse fio
que encontra-nos desatentos
e alinhava-nos uns aos outros
a largos esparsos espaços
fia, forma em linha
a teia.
essa teia nossa
esse nó confuso e solto
esse juntar das pontas
esse puxar o fio
e achar encontros.
esse enroscar
e prender-se na teia
do próprio canto.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Tragédia

Pesa, a pálpebra
pesam mãos, dentes
e os ombros e os pulmões
e a palavra encerra,
na boca o céu a seca,
na voz ruído morto,
cessa.
quem morre mais
ainda vive.

Meus danos

Sinto um frio no peito...um medo fresco, recém nascido. Medo do frio. Desse frio que nasce em mim. De pranto e de fúria...de solidão.
É tão real, tão certo de ser verdade.
Ouço-o entrar, esse meu medo, pelos poros da garganta, encolhendo as veias, submetendo-as à aflição do aperto.
É verdade que nesses olhos todos encontrei vazios.
Encontrei vazios meus olhos nesses olhos todos.
E não há quem veja. Não há quem me encontre.
E me pergunto sempre, perdi-me?

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Árvore da Vida

Inquisidor, meu inquisidor
quanta culpa na alma nossa esconde
e à razões sombrias corresponde.

Quanta dor perdura seu pensamento
e se satisfaz em angústia e lamento

És de ti tão prisioneiro quanto eu
e rasga-nos a pele a mesma rameira velha.

Conquistador, meu conquistador
quanta ânsia em flama te persegue
e à busca de salvar-nos fica entregue.

Quanto amor e ódio bufam em seu peito
e quantas certezas tardias morrem em seu leito

És de ti tão prisioneiro quanto eu
e rasga-nos a pele a mesma adaga velha.

Criador, meu Criador
quanta pergunta lançada e perdida
e suplícios secretos de morte e de vida

Quanta magia e luz traduzem sua beleza
e enchem-nos os olhos de alegria e tristeza

És de Ti todo o Universo quanto meu
e rasga-nos o peito a mesma verdade: sê-la.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Aurora

Não demore não
a saber
que o seu Decidir
além do seu Desejo
há de mover e sofrer
os encantos
da Vida agora.
Mas se souberes
de fato Agir,
apartar-se dos
pedaços que lhe
hão de cair,
restará a
Esperança do andar
o Movimento,
Aurora.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O sábio

Por favor, alguém me empresta utilidade?
Quero valer além da conta,
quero ser preciso de verdade.

Não se engane, jovem poeta!
ser útil é mentira, balela
Só serve para alma irrequieta.

Como assim, não pode ser,
fui eu quem passei, toda vida
a procurar, sem saber?

Não há quem procure rapaz,
nem quem se quiser ache.
todos buscam a mesma paz, é praxe.

E então, como fazer?
A quem pedir, estamos perdidos?
Qual sentido escolher?

Pergunte a si e saberás
toda a vida percorrida
de apegos te arrastarás

Quem há de soltar meu passado?
Como me desapego,
De não me sentir fracassado?

há de olhar bem nos olhos,
e buscar entender
não há derrota nem ganhos
só Vida para se Viver.