O ombro da Borboleta

O ombro da Borboleta

sábado, 1 de abril de 2017

Lento

Hoje pensei em tantas coisas.
Lento...lento.

Pensei em passarinho, em sol no mato. Acho que antes as pessoas sabiam os nomes das coisas. Hoje como podemos facilmente saber não sabemos mais. E as coisas ficam sem nome.

Também pedi perdão para mim hoje, por ser tão severa e vez ou outra cruel. Perdoei-me e ficamos eu e eu de bem de novo.
Olhei o sol e as árvores. Você também consegue ouvir as árvores? Elas falam, fofocam sobre nossa falta de vida. 
Também pensei nisso quando, saindo do meu lugar secreto, vi um carro entrando no meu lugar secreto, com uma musica tão vulgar e alta...
Que desperdício de vida e poesia. Que desperdício de olhar. E as árvores sabem disso...riem de nós...

Lento...
Pensei em escrever sobre os meus meninos. Minhas histórias sem pé nem cabeça. Minhas histórias que ouço das pessoas e crio uma imagem tão viva dentro da minha cabeça que quero escrevê-las.

Tem uma que vou contar agora. É a dos mortos que assistem seus funerais em cima das árvores - sim, elas de novo. 
Eles ficam lá do alto vendo quem chora, quem vem, quem se despede. E eles sofrem uma última vez, pois não podem descer delas e não podem falar. Ficam calados com olhar pálido.

O despedir também é lento.

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