O ombro da Borboleta

O ombro da Borboleta

domingo, 29 de maio de 2016

Encontro

Essa solidão.
E tantas.
E todas.
E essas palavras minhas,
pueris
tentando, sofregamente
encontrar sentidos,
laços sutis,
que não desperdicem
nem a você
nem a mim.
Que encontrem
feliz,
um ao outro,
enfim.

Lua minha

uiva, minha alma
seiva de quem sou.
sei pouco
e anseio,
um medo estrelado,
- a velha luz
diz de mim
tanto antes,
já adormecida,
que não sei.
mas canta,
nos recônditos
dos silêncios
e segredos
meus.
um assovio
essência do meu eu
diz-me,

conta seu olhar
olha como quem vê
e a luz,
vermelha e nova
há de
novamente
nascer,

piano, piano

um piano
me diz
um sonho
na fé, reluz
e sinto, esse
som,
minh'alma
feliz
do paraíso
transluz
meu
dom.

Nesse palco, eu não sou mais

Uma alma obscura sobe ao palco carregando sua dor. Era negra e densa. Era pastosa e feia. Uma dor carregada de anos e solidões.
Não se podia ouvir dela grito algum que calasse. Essa alma sofrida, largada a sorte de qualquer desejo, recusado sempre ao desprezo.
Como poderiam chorar as lágrimas, nesse medo intenso de não poder-se livrar da dor?
Como arrepender-se dos pecados se já tão tardios sangraram as almas passadas, passageiras apenas, nesse encontro camuflado e vil?
Como reencontrar as feridas e os antigos monstros que atormentam os pesadelos mais insanos e temíveis?
E esse palco, tão logo reconhecido, espaço de tanto drama vivido e representado.
A alma, calejada de si, do mundo, da dor que tanto carrega, sente a luz, o holofote a mirá-la.
E de novo, é artista desprestigiada da própria tragédia.
Até que se fechem as cortinas. Até que se troque o roteiro.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Vento do canto meu

Minha paz me acalma...brinca comigo de ser feliz.
E eu que aprendi a cantar no escuro, bem baixinho pro papai não brigar, soltei um lá que soou até os quintais mais distantes.
Antes eu buscava segurar o som. Trabalho de muito esforço e pouquíssima música ficava...era na verdade uma vontade de ser alguém... e no fim só eco surdo que ressoava - inventado - na minha cabeça de criança teimosa que não admitia que som não se segura.
Música é feito destino. Canta e vai seguindo seu caminho pelo vento. Quem sabe um ouvido escuta...quem sabe canta também...
A Rosinha jamais acreditaria em me ver assim, tão zen."Você é tudo, menos zen", diria. A Rosinha é dessas pessoas que conhece a gente bem. Mas ela não me vê daqui. Acho que ficaria feliz se conseguisse acreditar.
Um dia meu canto chega em algum lugar com outras Rosinhas. Não é a toa que existem Rosinhas por ai...
A minha alma se estende pela grama e brinca com o céu. Brinca de desapego. Perdi um pouco dos excessos e vejo mais.
Um moço até me disse que eu olho muito fixo. Meio assim mesmo. Deve ser estranho pra ele porque ainda sente que não pode olhar duro pros outros, como quem sabe de si. Ou talvez estar presente e inteiro é emoção demais pra aguentar. Pode ser...
Mas é bom. Sentir essa calma toda...
Esse canto de felicidade simples.

Explodir

Bum.
Destruiu-se tudo aquilo que outrora havia,
e o zunido soava alto, zunia.
E quando a fumaça afastou-se, o que ali jazia?
ainda o ruído que se ouvia.
E mais nada...podia?
Explodir é fria.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Lágrima de passarinho

E a lágrima
de passarinho
em fio
fininho
teceu o véu
da morte
cessou o vôo
- respingo

Um desejo

Há ali efervescência,
fluído de quem procura...
Há vontade, insegurança
Receio, curiosidade e loucura.
Há amor?
Quem há de saber?
Se ainda é o olhar
que evita e tenta esconder?
Mas sabem. Os dois.
Há ali complacência,
segredo de quem escuta..
Há carinho, amizade
Respeito, ansiedade e culpa.
Há de ser?
Quem sabe...quem sabe...
O futuro tem alma oculta.