"Liberdade!"
Gritou avante o cavaleiro frente a guerra que travara.
O eco surdo do penhasco respondeu:
"Liberdade?"
Enfezados, companheiros clamaram por uma resposta digna!
Em cochichos ou em gritos afrontaram tal audácia,
"Que infâmia esta pergunta!"
"Como pode alguém ofender tão nobre soldado?"
"Serás possível o oponente responder?"
"Quem és desavergonhado vilão?"
E o burburinho todo repetia em eco:
barulho, barulho, barulho!
Em vanguarda, ajustou-se novamente em seu cavalo.
"Liberdade!" - o cavaleiro
"Liberdade?" - o eco.
Ah, agora aos berros, nenhum patrulheiro se eximiu
"Tirano! Há de respeitar nosso guerreiro!"
"Valha apenas a coragem dele em postar-se aqui!"
"Por que não sobe este penhasco e enfrenta-nos?"
"Basta esse atrevimento!"
E um dos que estavam na retaguarda, empunhou sua espada,
e em passos largos, balbuciando raiva
lançou-se do penhasco a gritar
"Comigo NÃO, a mim não!"
- puf.
Fez silêncio.
"Liberdade!" - o cavaleiro arriscou.
"Liberdade?" - o eco novamente.
Inquietos, ansiosos, desconhecendo-se
voltaram timidamente a questionar,
quase como sussurro..
"Contra quem travou-se a guerra?"
"A que estamos mesmo aqui?"
"Que será daquele?"
"Que será de nós?"
E aos poucos, indecisos, amedrontados,
sem intenções de guerra, dissiparam os valentes.
Dissiparam todos, menos um.
"Liberdade!" - o cavaleiro.
"Liberdade?" - o eco.
Não conseguia entender.
Até que desceu de seu cavalo.
Olhou ao longe o horizonte reluzir misturas de cores.
Viu as montanhas e sentiu o vento.
"Sou livre!"
E veio o eco atrás
"És livre?"
Mas o cavaleiro já havia entendido,
respirou todo o ar e soltou-o lentamente.
Admirou os pássaros.
Agradeceu o penhasco
e foi-se embora de alma cheia.
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