Universo do verso.
Eu valso, mas não sei onde vou.
Quando vejo habito salões vazios.
E sinto...
o sopro,
o sussurro surdo,
o santo solto. Louco.
E sinto tanto.
Essa tristeza minha.
O ombro da Borboleta
quarta-feira, 30 de abril de 2014
terça-feira, 29 de abril de 2014
Assassino de sonhos
Sou um pouco refém.
Um pouco vilã também.
Mas é o medo que me detém.
E sem esse medo, sou quem?
Um pouco vilã também.
Mas é o medo que me detém.
E sem esse medo, sou quem?
Perpétua - Parte 3
Ansiosa Perpétua
revirou sua bolsa a procura do mesmo perfume que usara quando conheceu Paolo.
Já estava alguns minutos atrasada e se demorasse mais certamente chegaria tarde
no escritório. Ela trabalhava em uma Editora, e, por não ter sua graduação
completa, ainda era estagiária. Gostava de cumprir rigorosamente os horários e
tarefas que lhe atribuíram, pois desejava ser contratada. Seu coração era
preenchido por sonhos e histórias e almejava poder contá-las todas. Ou, pelo
menos, ler todas as lindas histórias que também aguardavam por seu espaço nas
prateleiras. Todavia, perguntava-se se aquele perfume não valeria alguns pontos
a menos em sua reputação profissional, afinal de contas, era o aroma do
primeiro encontro, o deleite de um amor, era o néctar daquela memória querida,
repetida incessantemente durante as saudades. Não estava na bolsa.
Mexeu feito menina em
suas gavetas. Blusas, calcinhas e meias estalavam no ar feito fogos de
artifício. Sua tia Amélia entrou no quarto.
- Você não está
atrasada não?
- Estou tia...mas não
encontro meu perfume...
- Vai atrasar por
conta de um perfume Perpétua? Você ainda nem tomou café! E acho que nem dá mais
tempo...
- Eu sei, eu sei...
você está certa. – desistiu desanimada. Deu um beijo em sua tia, apanhou seus
pertences para o trabalho e para a faculdade e saiu, pegando apenas umas
bolachinhas de maisena para comer no caminho.
Mais um ônibus, mais
uma espera. Talvez fosse esse o lema de quem precisava de transporte público em
São Paulo. O trânsito judiava da alma das pessoas. Não havia outro jeito, e
esse aguardar era também parte da rotina de Perpétua. Enquanto via o abrir e
fechar dos faróis e o passar incansável dos carros ela pode voltar a seus
pensamentos.
- Que bom que você
não foi embora – Paolo falou aparecendo repentinamente em frente à Perpétua.
- Que susto! Você tem
sempre esse costume de surgir do nada?
- Às vezes. Gosto de
surpreender. Assim consigo receber reações mais verdadeiras das pessoas. E
então, como você se chama?
- Perpétua. –
respondeu em voz baixa, mas firme. – e você?
- Lindo nome. Sou
Paolo. Você é daqui?
- Você é um tanto
intruso e curioso. E direto demais.
- Acho que sou. Você
é de onde?
O ônibus chegou. Perpétua entrou ainda imersa em seus pensamentos. Sentou-se perto da janela.
- Moro em São Paulo.
E você?
- Eu também! Moro
perto da Paulista.
- Mas você é de onde?
- Notou meu sotaque
foi? Sou baiano.
- Entendi.
- Você não está muito
a vontade está? Você é linda sabia? Claro que sabe. Você parece nova. Quantos
anos tem?
- Você é cheio de
perguntas. Tenho 23. Quantos anos você tem?
- Eu sabia. Você é
muito jovem.
- Não vai responder?
- Sou quase 10 anos mais
velho! Tenho 32.
Perpétua notou
naquele instante o interesse de Paolo abalar. Talvez ele já imaginava que a
diferença das idades causaria desentendimentos e interpretações erradas. Mas
para Perpétua o interesse só aumentara. Não era um menino a abordá-la, era já
um homem, cheio de experiência, charme e maturidade.
- Porque achou que eu
o estava paquerando? – mudou de assunto rapidamente.
- Eu não achei. Você
estava... Talvez inconscientemente... –
Paolo riu traduzindo tristeza e charme em seus lábios. Depois sorriu
abertamente, olhando para Perpétua como se a estivesse convidando a compartilhar um pouco do
que era só seu. Ela recebeu seu olhar, e devolveu-lhe a graça sorrindo com dengo.
- Vamos sentar
naquelas pedras? – perguntou Paolo aflito.
- Tudo bem. –
arriscou Perpétua, sabendo que abrira uma porta perigosa. A confiança.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Desconexções
Em paz, respira meu coração
mais prudente em si
vê sofrer sozinhos os sentimentos
já fora de mim
Quebraram-se as pontes
das lágrimas e da dor
e hoje do abismo mirante
ao longe observo lutar
minha alma
e um outro olhar
Não podem me atingir.
Desliguei-me de mim.
mais prudente em si
vê sofrer sozinhos os sentimentos
já fora de mim
Quebraram-se as pontes
das lágrimas e da dor
e hoje do abismo mirante
ao longe observo lutar
minha alma
e um outro olhar
Não podem me atingir.
Desliguei-me de mim.
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